Um tema que pode assustar alguns, mas que faz parte da atual realidade, não só brasileira, mas mundial. Há décadas entramos e saímos de crises econômicas e a atual, até o momento, é apenas mais uma delas, para o Brasil. A situação pode parecer complicada de se entender, mas, quando bem explicada e acompanhada, fica fácil de ser compreendida.
Tudo começou quando uma crise financeira geral eclodiu em 2008, com a quebra da Lehman Brothers, um banco sediado em Nova Iorque, provedor de investimentos e outros serviços financeiros, com atuação global. Essa crise já estava evidenciada a partir do estouro do mercado de derivativos especiais de crédito hipotecário, ocorrido em 2007.
As consequencias da situação refletiram no mundo todo, principalmente a partir do último semestre de 2008, produzindo um violento aperto de crédito. Ano em que os governantes se uniram e resgaram os maiores bancos, impedindo uma quebra geral do sistema. De Clinton ao governo Bush, o crédito foi facilitado, a baixos juros, para toda a população americana, até mesmo àquelas que não tinham condições.
A “negligência” dos governos, em deixar o sistema financeiro atuar às escuras, sem segurança e sem bases, gerou consequencias nos quatro cantos do mundo. Houve queda nos valores dos imóveis e queda na bolsa de valores, até mesmo nos países que possuíam um sistema bancário sólido. O aperto do crédito contaminou então o comércio internacional, principalmente o de matérias primas, que sofreu com a queda dos preços dos commodities e do preço do petróleo.
O Brasil tem sido afetado pela situação, pois mais da metade das nossas exportações, 70%, são commodities – matérias primas que são exportadas, transformadas, em diversos produtos, e comercializadas no exterior. Os países desenvolvidos que passam pela crise, tendem a diminuir as importações desses materiais.
A consequência de todo esse proceso é a queda na procura e nos preços, influenciando significativamente a economia brasileira. Com as bolsas despencando, bem como as ações brasileiras, os investimentos também tornaram-se arriscados. Por aqui, até mesmo a expectativa de crescimento do PIB diminuiu. A vantagem do Brasil é ter mais de 400 bilhões em compulsórios.
Nossos bancos têm mantido capital, que precisa estar líquido junto ao Banco Central, para utilizarmos em momentos de aperto. O país tem reservas, dessa forma passaremos a fase atual de forma mais tranquila do que em 2008. Mas é preciso estar alerta, pois a profundidade da crise deve ser avaliada e tudo depende do “desenrolar” econômico mundial.
A diminuição das exportações acaba, por fim, desaquecendo a economia mundial. Uma exceção atual é a China, que continua a apresentar crescimento – talvez um fator compensatório em meio à crise global. Alguns especialistas afirmam que a fase atual não tem solução fácil. Os EUA precisam reconquistar a confiança, com provas, para que os demais países voltem a depositar neles os créditos que sempre lhes foram atribuídos. O BC tem feito intervenções, desde o agravamento da crise, em momentos de alta do dólar, o que, para Guido Mantega, é um “efeito manada”, gerado pela demora em se equacionar a crise européia. Essa alta também evidencia a aversão a riscos, por causa dos grandes problemas na Europa, e ainda indica uma piora na crise internacional.